O que seria arte para você? Qual a melhor maneira de defini-la?
Poesia, pintura, arquitetura, teatro, música, escultura – essas são algumas dentre as variadas manifestações de arte. Os artistas não só recriam a realidade como também ultrapassam barreiras. Eles são como mágicos, que modelam o mundo de acordo com suas próprias ideias.
Um caso que ilustra bem esse poder mágico da arte é o do pintor Cândido Portinari, que retratava os meninos de sua cidade natal, Brodósqui, brincando em gangorras. Quando questionado sobre isso, simplesmente respondia: “gosto de vê-los assim, no ar, feito anjos”.
Um poema que relaciona muito bem esse jeito do artista recriar seu próprio mundo é “Traduzir-se”, de Ferreira Gullar:
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)
Fonte e sugestão de leitura: http://wwwjanineribeiro.blogspot.com/2009/01/feito-anjos-no-ar.html
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